sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Dieta? O que é isso? Texto de Simoni Urbano.

Um dia ainda aprendo a mexer nesse blog, mas não vou deixar de publicar este desabafo de uma amiga. Que vem de uma nova geração de nutricionistas. Beijo menina.
Texto de uma amiga nossa. Simoni Urbano, do CECANE de Goiás. Corroboro com seu desabafo.
De saco cheio desse modismo de "dieta detox". Não aguento mais ver foto de tapioca, suco verde, suco rosa e afins, como se tudo isso traduzisse um estilo de vida saudável. Suco detox industrializado? Se entupir de frutas e hortaliças repletas de agrotóxicos e jurar de pé juntos que está "desintoxicando o organismo"? Ah, me poupem! Se você mantém uma alimentação equilibrada, saudável e variada (leia-se rica em frutas, hortaliças e cereais integrais; pobre em alimentos industrializados e ricos em açúcares, gorduras saturadas e trans, sal, aromatizantes, conservantes e todos estes aditivos alimentares; e no meio disso inserir produtos lácteos, ovo e carnes - para os não vegetarianos, claro), NÃO HÁ NECESSIDADE DE UMA DIETA QUE DESINTOXIQUE SEU ORGANISMO. É uma questão lógica e de qualidade de vida, de escolhas a serem feitas para toda a eternidade. E sinceramente, em minha humilde opinião, ninguém consegue ser feliz vivendo a base de "dieta detox". Hora ou outra vai descontar o aspecto afetivo e sentimental (sim, pois por trás da neura alimentar pode ter também questões afetivas. Pois afinal, a alimentação está ligada sim à afetividade) na barra gigante de chocolate ou no pote de sorvete. É melhor distribuir pequenas porções daqueles alimentos "não-saudáveis" ao longo da semana, ou "jacar" o final de semana inteiro e fazer "dieta detox" na segunda feira? E aí, alguém me explica?

E pior que ver a população se rendendo ao modismo, é ver profissionais de saúde (e de nutrição!) reproduzindo tais conhecimentos, sem estudar profundamente a respeito, como se fossem papagaios, só porque viu alguém/algum profissional famoso falar a respeito.

Me pergunto em que momento o ato de comer deixou de ser prazeroso e passou a ser uma preocupação torturante na vida das pessoas. Que ditadura da beleza é essa que faz homens e mulheres fazerem esse tipo de coisa? A alimentação tem que ser saudável sim (sim, sou defensora disso, é meu papel), mas a concepção de "saudável" tem tomado rumos muito mais estéticos do que de qualidade de vida.

Quero me alimentar daquilo que gosto (e sei que é bom pra minha saúde); quero viajar e conhecer o hábito alimentar local (e quero ver quem consegue fazer isso sem comer glúten e lactose); quero me sentar com a senhorinha lá do interior e pedir para ela me explicar como faz pamonha, pão de queijo e frango com quiabo; quero cozinhar comida boa (e cheia de afeto) e oferecer àqueles que amo; quero ir para a casa de meus pais e comer biscoito de polvilho frito com café no lanche da tarde; quero comer tapioca porque acho saboroso, e não porque a atriz fulana de tal come todo dia e "secou". E sabendo que tudo isso pode sim fazer parte de uma alimentação e estilo de vida saudáveis. E mais que isso, quero trabalhar para que os conhecimentos científicos a cerca da nutrição sejam traduzidos em forma de disseminar uma alimentação saudável e prazerosa, que valorize a diversidade, e seja associada com qualidade de vida e sensação de bem estar.

Pensemos, galera, e fora da caixinha!!!!

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